terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Viciados em reformas e obras movimentam mercado da construção civil


Tem gente que não pode  ouvir falar em obra que entra em pânico. Faz reforma uma vez na vida por necessidade e pronto. Do lado oposto, existe quem não abre a mão de quebrar uma parede, pintar o quarto, fazer uma nova churrasqueira no quintal... Para esses, não há vida sem obras. Elas viraram mania, hábito, prazer e, em alguns casos, até vício.

Desde setembro, os fissurados por obras ajudaram a dobrar o número de projetos de arquitetura no Distrito Federal, além de aumentar 30% as vendas de  materiais de construção. Para deixar a casa em ordem, a tempo das festas de fim de ano, muita gente investiu pesado. As intervenções vão desde uma simples mudança de móveis até uma casa completamente refeita. A maioria das pessoas com esse perfil é aposentada e tem estabilidade financeira.

Nas lojas de construção, de tão cativos, esse clientes são conhecidos pelo nome. "São eles que sustentam o segmento", chega a dizer o superintendente do Sindicato do Comércio Varejista de Materiais de Construção do DF (Sindmac-DF), Sérgio Talamonte. Não são raros, segundo ele, os que compram um apartamento novo, por exemplo, e não deixam de fazer todas as adaptações  que acham necessárias. Acabam transformando o imóvel em outro, sob alegação de que gostam de obras.

O mercado torce para que essa mania por construção pegue. "A gente queria que todo mundo tivesse um espírito inovador. O maior grupo ainda é o dos que querem algo definitivo, que não arriscam a inovar tant, construir e reconstruir", comenta o sócio-fundador da Associação Brasiliense dos Designers de Interiores (Abradi), Hélio Albuquerque. Ele acredita que os moradores de Brasília, por viajarem muito, tendem a querer novidades em casa com frequência.

Em muitos casos, mesmo sem necessidade aparente de nova reforma, a pessoa opta por ela em busca de renovação. Não são, necessariamente, clientes inseguros ou eternamente insatisfeitos. A interpretação é que a obra provoca uma mudança de vida, inclusive. Ocupa o tempo, vira terapia. "São pessoas que sentem prazer com isso. Possui senso estético, visão espacial. Se fossem arquitetas, seriam brilhantes", afirma a arquiteta Yeda Garcia, presidente da Abradi.



Por Diego Amorin

FONTE: Correio Brasiliense

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